O encontro acontece em parceria com a CONTAG e SENAR e conta com um público de aproximadamente 40 pessoa vindas de vários municípios piauienses.
O evento tem como objetivo capacitar trabalhadores rurais agricultores/as familiares, lideranças sindicais/de base e assessoria para participarem ativamente dos espaços institucionais dos Comitês de bacias nas regiões e compreender a correlação da luta pela água como garantia de direitos humanos. Além de servir para aproximarem os diversos modelos de produções sustentáveis, visando estabelecer conexões entre agricultura familiar e a preservação e conservação do meio ambiente, por meio de processos educativos que induzam a reflexão sobre a importância da produção de alimentos e de matéria prima, além de fortalecer e se apropriar das tecnologias focadas nos modelos de produção sustentáveis para a agricultura familiar.
A abertura do encontro contou com as presenças da Presidente da FETAG-PI, Elisângela Moura, Secretária de Meio Ambiente, Maria Betânia, Secretário de Política Agrária, Devaldo Nunes, Secretária de Mulheres, Marlene Veloso, Secretária de Políticas Sociais, Maria Barros, Secretária de Formação, Mazé Ribeiro, Secretária Nacional de Mulheres da CONTAG, Mazé Morais, representante do Centro de Educação Ambiental de Piracuruca (CEA), Rejane Silva, Coordenadora do Polo Sindical de Oeiras, Luciene.
Durante o primeiro dia foram trabalhados alguns assuntos sobre o Combate aos Agrotóxicos/transgênicos, focando principalmente na Campanha Nacional de combate aos agrotóxicos; discutiram ações e estratégias em nível local e territorial no combate aos agrotóxicos e transgênicos, com o assessor da federação, Genival Araújo, e com a representante do Fórum Piauiense de Convivência com o Semiárido, Rejane Silva que trouxe experiências de agricultura familiar sustentáveis a partir da captação e armazenamento de água de chuva para fins de consumo humano e produção de alimentos pela implementação de tecnologias sociais de convivência com o semiárido.
E em seguida foi debatido a questão hídrica, com o objetivo de correlação da luta pela água como garantia de direitos humanos e participação nos comitês de bacias das regiões, com o Presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Parnaíba, Avelar Amorim. Onde foi apresentado a Legislação que trata das políticas de recursos hídricos no âmbito Federal, a lei Federal Nº 9.433 (1997) e no âmbito estadual a lei Nº 5.165 (2000).
“Os princípios para uma boa gestão das águas se dar no gerenciamento integrado, participativo e descentralizado da bacia hidrográfica como unidade básica de Planejamento, água como recurso limitado é dotado de valor econômico (outorga e cobrança)”, explicou Avelar.
Visita Pedagógica
Dentro da programação do seminário foi realizada uma visita pedagógica com o objetivo de compreender, na prática, os modelos de produção sustentável, desde a organização da comunidade até à produção e venda dos produtos. Neste sentido, a visita aconteceu no Assentamento Barro vermelho localizado no município de Campo Maior. Os participantes foram recepcionados na sede da associação com um café sortido de produtos agroecológicos da produção local como milho cozido, macaxeira, cuscuz de milho, tapioca, ovos caipira, bolo de goma, café, leite e caldo de cana.
A visita se deu numa parceria entre Fetag, sindicato e associação nas pessoas de Maria Betânia, Chaguinha e Rosângela.
O assentamento conta com 33 famílias assentadas, (assentamento do credito fundiário), a terra em geral é bem produtiva, a produção é de base familiar e os produtos mais cultivados são: abóbora, jerimum caboclo, milho crioulo, feijão e macaxeira.
Outra característica marcante são os quintais com fruteiras, hortaliças e plantas medicinais. As áreas de cultivo estão localizadas como uma extensão do quintal em pequenas área que varia de 1 a 2 hectares. Os moradores estão construindo a casa de sementes crioulas pelo programa sementes do semiárido da Articulação no Semiárido Brasileiro– ASA, onde a entidade executora é o CERAC.
“A importância desta visita pedagógica é enriquecer os conhecimentos dos temas discutidos durante o seminário, no sentido de vivenciar, observar na prática como acontece a implementação da sustentabilidade ambiental, econômica, social e produtiva no assentamento. Podemos perceber claramente que as famílias de fato já estão produzindo de forma agroecológica e comercializando seus produtos no mercado local, de forma semanal na tenda agroecológica e nos programas institucionais do Governo”, pontuou Maria Betânia.
Debate sobre energias renováveis
Por último, aconteceu uma conversa sobre energias renováveis, com o objetivo de dialogar sobre as várias formas de energias solar, eólica e geotérmica.
Para falar sobre essa tema, a Fetag convidou a ONG Centro Educacional São Francisco de Assis – CEFAS que apresentou experiências do seu trabalho de incentivo à implantação de Energia Solar em propriedades rurais de agricultores (as) familiares da região de Oeiras.
O engenheiro agrônomo José Inácio (técnico do CEFAS) fez uma exposição apresentando os resultados com comunidades quilombolas que são muito carentes de acesso às políticas públicas da agricultura familiar. As comunidades atendidas são: Canadá, Corrente, Canto Fazendo Frade e Feitoria no município de Oeiras; comunidade Cepisa no município de São João da Varjota e Malhada do Juazeiro em Santo Inácio do Piauí.
Estas comunidades passaram a produzir hortaliças orgânicas através de hortas comunitárias, produção que a princípio foi pensada para a melhoria da segurança alimentar e nutricional das famílias envolvidas. No entanto, hoje já há uma geração de renda efetiva, pois as famílias estão comercializando os produtos nos programas institucionais como PAA e o IFPI de Oeiras, além das vendas na própria comunidade e comunidade vizinhas.
José Inácio apresentou ainda sobre a implantação de energia solar nos sistemas de repuxo das águas de cisternas para produção de alimentes do programa Uma Terra e duas águas em parceria com a Obra Kolping Estadual do Piauí.
Um destaque fundamental do trabalho do CEFAS é a inclusão de jovens egressos das Escolas Famílias Agrícolas. Este seminário contou com participação do jovem técnico agrícola Rafael Lima que apresentou sua experiência de trabalho com o uso da energia solar na captação de água de poço tubular, utilizando para fins de produção orgânica de melancia, macaxeira, abóbora, milho verde, maracujá, quiabo e a criação de peixes.
Ele fez um relato de como era a sua produção quando utilizava o sistema de bombeamento de água com a energia elétrica e tinha muita dificuldade de pagar os custos da energia e portanto, os custos de produção era muito alto e estava inviabilizando sua rentabilidade. Mas com a implantação do sistema de energia solar os custos foram reduzidos a cerca de 90% favorecendo assim, a rentabilidade e sustentabilidade econômica e ambiental da propriedade.