Agricultores de vários municípios piauienses se reuniram, nos dias 19 e 20 de dezembro, no II Encontro Estadual de Guardiões e Guardiãs de sementes da fartura, realizado Centro de Formação da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Piauí (FETAG-PI), em Teresina, para discutir as dinâmicas de funcionamento e gestão das casas comunitárias de sementes visando a promoção do fortalecimento da rede de sementes da fartura do Piauí.
O evento reuniu cerca de 57 representantes de Casas Comunitárias de Sementes (CCS) espalhados por vários municípios, uma articulação da FETAG-PI que atua pela construção de um território agroecológico. As CCS são espaços de armazenamento das sementes locais cultivadas pelas famílias agricultoras.
“Esse encontro teve o significado de reaver o compromisso dos Guardiões e Guardiãs das sementes da fartura, da multiplicação das casas, do aprimoramento dos conhecimentos e do compartilhamento de experiência. Foi um momento de trazer mais esperança para nossos guardiões (ãs), novos encaminhamentos e as problemáticas onde as casas de sementes se encontram e muitas não estão aprimoradas ou funcionando. Ouvimos seus anseios para pôr em prática um plano de ação para 2023”, observa Daniel de Souza, secretário de Meio Ambiente e Políticas de Convivência com o Semiárido da FETAG-PI.
Durante o evento, foram socializados os resultados de duas pesquisas, sobre agrobiodiversidade no território do Vale do Guaribas foi coordenada pela Prof.ª Michelle Ferreira, UFPI – Campus Picos, e sobre os trabalhos com sementes fava da Prof.ª Regina –UFPI. Pesquisadores do Colégio Agrícola da UFPI, também participaram.
“As sementes do Piauí são conhecidas como ‘sementes da fartura’ e a gente precisa trabalhar e mobilizar esses guardiões para a conservação das sementes crioulas”, avaliou Michele Ferreira, que realiza pesquisas na região do Vale do Rio Guaribas, que inclui 23 municípios. “Estamos realizando um mapeamento e o resultado é que iremos lançar um catálogo sobre as sementes crioulas da região que tem variedades de feijão, milho, fava, gergelim”, completa.
Foram catalogados e distribuídas sementes do banco de reserva da CONTAG-PI. No primeiro dia ainda foi feita apresentação da Lei Estadual de Sementes da Fartura, exposição do Projeto “Chão de Sementes”. A Secretaria de Estado da Agricultura Familiar (SAF), levou orientação do Programa aquisição de sementes.
Troca de experiências e de sementes
O Encontro funcionou como espaço de intercâmbio entre os guardiões e guardiãs. No segundo dia do evento, foi realizada uma feira de troca, um momento aberto para que todos os participantes expusessem as sementes que trouxeram para a troca ou doação. A FETAG-PI disponibilizou sementes do seu estoque.
“No banco de sementes a procura é muito pouca, falta divulgação. É preciso ter um coletivo de divulgação, uma campanha entre as cooperativas, sindicato e os guardiões das casas para que as pessoas percebam a importância das sementes. A semente não é só milho, feijão e arroz, tem que ter uma variedade”, avalia seu Raimundo Bila, guardião no município de Piripiri.
O momento também visou experiências na gestão de bancos de sementes e pretende entender melhor o território das sementes no Piauí. O guardião também garante a diversas famílias o cultivo de alimentos para matar a fome e nutrir gerações.
O II encontro Estadual dos Guardiões e Guardiãs de sementes é realizado em parceria com Fórum Piauiense de convivência com o Semiárido e tem coordenação do CERAC, da FETAG-PI, e conta com apoio da Secretaria de Agricultura Familiar do Governo do Estado e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Assessoria de Comunicação da FETAG-PI/ Vanderson de Paulo