A Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG) vê com preocupação o processo de seleção do novo presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O mais cotado para assumir a Presidência, já em outubro desse ano, é Sebastião Barbosa, que já ocupou anteriormente, de forma irregular, o cargo de chefe geral da Embrapa Algodão, onde também acumula queixas de má gestão e perseguição aos trabalhadores da unidade.
Segundo informações do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário (Sinpaf), a contratação indevida de Sebastião e de outros chefes e assessores da Embrapa resultou em uma ação civil pública movida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), que transitou em julgado e condenou a empresa a demitir todos os admitidos sem concurso público. Contudo, Sebastião permaneceu no exercício da função, com o respaldo da Diretoria Executiva da Embrapa, até que o Sinpaf solicitasse ao MPT, em 2017, providências em razão do descumprimento da sentença.
Ao que tudo indica, Sebastião Barbosa está sendo indicado pelo ministro da Agricultura Blairo Maggi com o intuito de deixar um aliado no comando. O Sinpaf divulgou nota afirmando que, desde o início, o processo de seleção foi marcado por falta de transparência. “O Conselho de Administração da Embrapa (Consad) não cumpriu com o item 7 da Resolução 174, que determina a divulgação da lista tríplice no site da empresa. Além disso, informações do processo vazavam a todo momento para empregados, imprensa e setores do agronegócio, sem qualquer divulgação oficial, o que demonstra quebra de sigilo pelo Consad.”
A CONTAG e a Embrapa renovaram em 21 de setembro de 2016, por mais cinco anos, um Acordo Geral de Cooperação Técnica, firmado desde 25 de novembro de 2011, e que vem garantindo um conjunto de ações e atividades voltadas ao fortalecimento da agricultura familiar.
E a indicação de alguém com o perfil de Sebastião Barbosa para a Presidência da Embrapa preocupa a CONTAG quanto à possibilidade ou não do cumprimento e renovação do acordo, ainda mais em cenário que aponta para uma redução ainda maior de investimentos em pesquisa para o desenvolvimento da agricultura familiar.
Portanto, a Diretoria da CONTAG cobra transparência no processo e que a Presidência da Embrapa seja assumida por alguém do quadro efetivo da empresa, com compromisso de mantê-la forte, pública, priorizando ações a diversos setores estratégicos para o País, em especial para a agricultura familiar, e que se evite interferências políticas no processo.
FONTE: Direção da CONTAG.