Em 1992, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou o Dia Mundial da Água. A intenção era fazer com que as pessoas discutissem os problemas relacionados ao abastecimento de água potável; promover a conscientização da sociedade sobre a importância de conservação, preservação e proteção da água, fontes e suprimentos de água potável e aumentar a participação dos governos, das agências internacionais, das organizações não-governamentais e do setor privado nas ações de preservação.
Mas o que vemos no dia-a-dia é bem diferente do que foi pensado. Por isso, nós da FETAG-PI através da secretaria de meio ambiente e políticas de convivência com o semiárido, aproveitamos essa data para reafirmar nossa indignação contra as diversas maldades que está acontecendo no Piauí, no Brasil e no mundo em relação às águas, um bem natural finito que deveria ser de propriedade de todos nós, está sendo tratada como mercadoria, virando moeda de troca de grandes empresas econômicas.
Repudiamos a forma como as grandes corporações exploram as águas do nosso do cerrado, da caatinga e da mata atlântica, grilando nossas terras, explorando nossas riquezas naturais, causando grandes degradações ambientais irreversíveis por meio do uso indiscriminado de agrotóxicos, causando a poluição do ar e contaminação das águas, destruindo as nascentes e rios, gerando graves problemas de saúde para a população.
Em contrapartida a essas grandes corporações que tem como único interesse a privatização da água, acontece o Fórum Alternativo Mundial da Água (FAMA), realizado em Brasília de 17 a 22 de março, trazendo diversas denúncias de casos de exploração e mercantilização da água em nosso país, pelas grandes empresas do agronegócio e do hidronegócio (negócio da água), a exemplo da Coca Cola, Nestlé e outras multinacionais. É importante frisar ainda, que a agricultura industrial consome 70% da água doce utilizada no mundo, portanto, é a principal atividade econômica interessada na água.
Por isso, é extremamente importante que os movimentos sociais/sindicais e organizações da sociedade civil se organizem para reforçar que a água é um direito universal de todas as pessoas e não deve ser comercializada, visando apenas o capital.
Nesse sentido, as principais bandeiras de luta que precisamos defender são:
? O Direito a autogestão comunitária da água, para que a mesma permaneça sob seus domínios dos territórios e não das grandes empresas e corporações;
? Defendemos um saneamento ambiental ecológico;
? Unidade de luta dos diversos movimentos em defesa das águas, nos territórios, nos biomas, no Brasil e no mundo;
? Criar um calendário de lutas através da realização de Congressos do povo, uma ferramenta muito necessária nesse momento, para se chegar às nossas bases comunitárias debatendo esta realidade e construindo resistências locais em defesa das nossas águas;
? Organização e construção de um projeto popular que viabilize as nossas lutas e reivindicações em defesa da vida.
Maria Betânia Soares dos Santos
Secretária de Meio Ambiente e Política de Convivência com o Semiárido